terça-feira, 24 de novembro de 2009
Grafiteiros do Brasil e do exterior deixam Ceilândia mais bonita
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Grafiteiros registram própria obra
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Grafiteiros participam de debate sobre inclusão social com alunos de Ceilândia

Os estudantes do Centro Educacional 07 de Ceilândia Norte-DF puderam entender e discutir, na tarde desta sexta-feira (20), como a arte do grafite pode ser um instrumento de inclusão social. Eles participaram do debate de abertura do projeto 100 Muros, Mil Cores, que prossegue neste sábado (21), às 9h, na estação do metrô “Ceilândia Sul”, ocasião em que será criado um grande painel artístico em 100 muros das quadras QNN 18, 20, 22, 24 e 26.
“Há pouco tempo, eu estava aí, sentado, ouvindo como vocês. Hoje eu sou artista plástico”, informou Anderson Ribeiro, que representou os grafiteiros do Brasil. Mais conhecido por “Fokker”, Anderson faz parte da ONG DF Zulu Breakers, entidade idealizadora do primeiro Encontro Brasileiro de Grafiteiros.
“O grafite é uma maneira que os jovens encontraram para expressar os seus sentimentos”, afirmou Gerusa Vasconcelos, coordenadora do Programa Adolescente Ameaçado de Morte da Secretaria Especial dos Direitos Humanos do Governo Federal. Para Gerusa, por meio da arte, é possível reconhecer os anseios da juventude.
O Ministério da Educação (MEC), assim como os Ministérios da Cultura e do Esporte, enviaram representantes para o debate. A consultora do Programa Mais Educação do MEC, Ana Carvalho, destacou a importância de praticar o grafite de forma respeitosa com a sociedade. “Vocês estarão exercendo um direito de cidadania”, explicou.
A diretora do Centro de Artes Visuais da Funarte, Vera Rodrigues, veio do Rio de Janeiro para representar o Ministério da Cultura, falando da experiência do “Que pintura é essa?”. Realizado em São Paulo, Brasília e no Rio, o projeto grafitou prédios públicos por onde passou, com o propósito de mostrar que o grafite não tem uma única forma, mas usa diversos instrumentos, como o spray, rolinho, colagem, dentre outras.
O coordenador Geral de Projetos Sociais, Esporte e Lazer do Ministério do Esporte, Luiz Roberto Araújo, foi o moderador da mesa. Antes de ouvir as perguntas dos estudantes, ressaltou a importância deste tipo de debate, especialmente no que se referia ao Projeto de Lei 138/2008, que regulamentará o grafite, prestes a ser aprovado no Congresso Nacional.
O deputado federal Geraldo Magela (PT-DF), criador do Projeto de Lei, também falou aos estudantes. “Pra mim, o grafite é uma das coisas mais bonitas do mundo. Temos que conscientizar os pichadores e trazê-los para o lado do grafite”, considerou.
“O Projeto de Lei do deputado Magela vem num momento muito oportuno”, avaliou o Sabino Manda, assistente técnico do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre a Criança e Adolescente (Cecria). “Os movimentos sociais há 20 anos tentam colocar em pauta a questão da valorização do grafite”, considerou Sabino.
A presidente do Instituto Zabilin de Arte e Cultura, Rangéria Amorim, e o presidente da ONG DF Zulu Breakers, Gilmar Cristiano Enéias (o Satão), também prestigiaram o debate, marcando presença na platéia. O Zabilin é responsável pela realização do projeto com o apoio do DF Zulu, do deputado Magela e do Ministério da Cultura.
Preparação para a criação do grande painel artístico em 100 muros


segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Projeto promove encontro nacional de grafiteiros e propõe intervenção urbana em Ceilândia

O principal propósito do encontro é buscar o reconhecimento do grafite como arte e de seu relevante papel social na vida de jovens em situação de vulnerabilidade social, além de dissociar o grafite da pichação. Entre os objetivos do Encontro está incluída também a discussão do Projeto de Lei 138/2008, que explicita a diferenciação entre as práticas, colocando a regulamentação da arte do grafite na pauta de debate da sociedade.
A programação começa na próxima sexta, dia 20, às 14h, no Centro Educacional 07 de Ceilândia Norte, com um debate sobre o projeto de lei. Participarão da discussão o deputado federal Geraldo Magela (PT-DF), autor do PL, e autoridades do Unicef, dos Ministérios da Cultura e da Educação, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos do Governo Federal.
A criação do painel artístico, com a pintura simultânea, dos 100 muros acontece no sábado, dia 21, a partir das 9h. Na ocasião, haverá ainda oficinas, prática de esportes radicais e um show de encerramento com B. Negão, Seletores de Freqüência e artistas locais.
Serviço
Encontro Brasileiro de Grafiteiros – Programação
Sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Debate: “A arte do grafite como instrumento de inclusão social”
Horário: às 14h
Local: Centro Educacional 07 de Ceilândia Norte (QNM 13, área especial).
Sábado, 21 de novembro de 2009
Criação do painel artístico, oficinas e shows
Horário: 9h
Local: estação do metro Ceilândia Sul (entrequadras QNN 24/26, “quadradão da 26”)
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Pichação é Crime

Para dona de casa, o grafite recupera pichadores

A dona de casa Bruna Siqueira, 25 anos, gostaria que seu muro ficasse sempre limpo e bem pintado, porém, ela não tem ânimo de fazer isso. “Se a gente deixar o muro limpo, eles picham”, argumenta. “Mas se tiver um grafite, eles respeitam mais”, completa. Bruna gosta dos desenhos do grafite e o considera uma arte importante para a ressocialização de jovens. “Alguns deixaram de ser pichadores para desenhar”, diz a mãe de duas crianças.
O grafite leva vida às ruas, diz grafiteiro Rivas

A explosão de cores do grafite vai dar vida às ruas de Ceilândia onde acontecerá o “100 Muros. Mil Cores”, avalia o grafiteiro Rivas da Silva Alves, 40 anos. Ele marcará presença para enfrentar o desafio de fazer grafite em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra. “Querendo ou não, é um desafio, porque tem camarada que possui o próprio estilo e outros que desenham de tudo”, explica. Rivas, contudo, reconhece que o tema vai valorizar o negro.
Rivas avalia ainda que, hoje, a sociedade valoriza mais o grafite. Grafiteiro há 20 anos, ele reconhece a importância do projeto de lei 138/2008, de autoria do deputado federal Geraldo Magela (PT-DF). Para Silva, o projeto é “só o ouro, porque tem normas que, com certeza, vão melhorar a vida do cara que trabalha só com grafite”, afirma.
Presidente do DF Zulu fala sobre o projeto
O DF Zulu Breakes, embora trabalhe com os quatro elementos do hip-hop (grafite, break dance, DJ e rap), é o grupo mais premiado do Brasil, em várias modalidades do break dance. O grupo, segundo Satão, já recebeu 30 prêmios. “O mais importante foi conquistado no ano de 2000, em outra modalidade”, ressalta. “A ONG recebeu do Unicef e da Andi um prêmio pelo melhor trabalho social e educativo”.

Atualmente, o DF Zulu atende, ao todo, 80 jovens em duas oficinas de breakers dance, duas em Ceilândia e uma em Vicente Pires. A ONG possui ainda uma oficina de grafite em Ceilândia que beneficia 30 jovens.
Segundo Satão, participarão do “100 Muros. Mil Cores” os grafiteiros de São Paulo Does, Graphis, Ducontra, Bonga e Shock. Do Rio de Janeiro, informa o presidente do DF Zulu, está confirmada a vinda do artista Ment e de Recife, Galo. Ainda de acordo com Satão, o Encontro Brasileiro de Grafiteiros receberá artistas de outros países. Além do francês Kendo, está prevista a participação de cinco chilenos e um americano.
Participação de moradores no projeto
A ação de grafitar 100 muros teve início a partir da ideia do morador de Ceilândia Roberto Ferreira, mais conhecido por “Betinho”. Em maio de 2008, querendo envolver toda a comunidade, sobretudo os jovens, decidiu pedir autorização aos moradores para grafitar o muro das casas e, dessa forma, deixar a cidade mais bonita.
“Procurei o Satão e conversamos sobre a ideia. Ele entrou de cabeça, se envolvendo do início ao fim para a realização desse sonho”, diz. “Com isso, comecei a pedir autorização para poder pintar as paredes”, acrescenta.
Betinho lembra ainda que teve dificuldade no começo, pois muita gente não fazia distinção entre o grafite e a pichação. Mesmo assim, ele conseguiu atingir seu objetivo. “Antes, eram apenas 16 muros, agora são 100 muros que vão mudar a cara da nossa cidade”, comemora.
A ideia inicial de Bentinho, contudo, terá uma dimensão maior, pois faz parte do Encontro Brasileiro de Grafiteiros que vem para mobilizar a sociedade em defesa da valorização da arte do grafite.Morador teve iniciativa e começou a pedir autorização para grafitar os muros das casas
“Quero agradecer a todos que acreditaram no projeto que era um sonho e se tornou realidade. Agradeço, principalmente, ao deputado Geraldo Magela (PT-DF) que nos recebeu de portas abertas e influenciou esta conquista junto com o Satão, do DF Zulu Breakes, e ao Rivas, da Força Tarefa”, discursa.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Comissão do Senado aprova projeto que regulariza o grafite
Magela, que é presidente a Frente Parlamentar da Cultura, deseja regularizar a prática do grafite porque reconhece o valor cultural da arte. “A maioria dos jovens que vivem em cidades carentes encontrou no grafite uma maneira de se incluir na sociedade”, explica. “Com a regularização do grafite, a expressão artística dos jovens será mais reconhecida e valorizada”.
O grafite se diferencia da pichação, porque é feito à luz do dia e com autorização. O projeto de lei faz essa distinção ao propor que todas as embalagens de spray deverão ter a advertência de que pichação é crime e que a venda da tinta aos menores de 18 é proibida. As empresas do produto terão prazo de 180 dias, após a sanção da lei, para se adequarem.
Pela valorização do grafite como arte

Portanto não deve ser colocado na mesma vala comum da pichação. É nossa obrigação, como cidadãos, dar visibilidade a essa nova realidade, utilizando-a como elemento de resgate para aqueles que praticam a pichação, como uma forma de protesto, mas que possui em suas veias muita criatividade. Precisamos, contudo, separar bem as duas questões e fazer cumprir a lei, em casos de pichação. A arte do grafite deve ser vista, sobretudo, como uma estratégia de sensibilização para os jovens que, de alguma forma, se encontram em situação de risco social.
Nossa proposta tem como objetivo promover o encontro de artistas grafiteiros e o poder público federal (legislativo e judiciário), para debater e fixar um olhar sobre a descriminalização do grafite e seu reconhecimento como trabalho artístico e instrumento de inclusão social, gerador de emprego e renda.