O presidente da Organização Não Governamental (ONG) DF Zulu Breakers, e um dos idealizadores do projeto, Gilmar Cristiano Enéias, 37 anos, mais conhecido por Satão, conta que o Encontro Nacional de Grafiteiros trará bem feitorias para a comunidade. “O proprietário da residência, talvez, vai ter mais orgulho da casa onde mora”, supõe. De acordo com Satão, a proposta do projeto é grafitar 100 muros.
O DF Zulu Breakes, embora trabalhe com os quatro elementos do hip-hop (grafite, break dance, DJ e rap), é o grupo mais premiado do Brasil, em várias modalidades do break dance. O grupo, segundo Satão, já recebeu 30 prêmios. “O mais importante foi conquistado no ano de 2000, em outra modalidade”, ressalta. “A ONG recebeu do Unicef e da Andi um prêmio pelo melhor trabalho social e educativo”.
Na avenida da QNN 26, dezenas de moradores autorizaram grafite no muro Atualmente, o DF Zulu atende, ao todo, 80 jovens em duas oficinas de breakers dance, duas em Ceilândia e uma em Vicente Pires. A ONG possui ainda uma oficina de grafite em Ceilândia que beneficia 30 jovens.
Segundo Satão, participarão do “100 Muros. Mil Cores” os grafiteiros de São Paulo Does, Graphis, Ducontra, Bonga e Shock. Do Rio de Janeiro, informa o presidente do DF Zulu, está confirmada a vinda do artista Ment e de Recife, Galo. Ainda de acordo com Satão, o Encontro Brasileiro de Grafiteiros receberá artistas de outros países. Além do francês Kendo, está prevista a participação de cinco chilenos e um americano.
Participação de moradores no projeto
A ação de grafitar 100 muros teve início a partir da ideia do morador de Ceilândia Roberto Ferreira, mais conhecido por “Betinho”. Em maio de 2008, querendo envolver toda a comunidade, sobretudo os jovens, decidiu pedir autorização aos moradores para grafitar o muro das casas e, dessa forma, deixar a cidade mais bonita.
“Procurei o Satão e conversamos sobre a ideia. Ele entrou de cabeça, se envolvendo do início ao fim para a realização desse sonho”, diz. “Com isso, comecei a pedir autorização para poder pintar as paredes”, acrescenta.
Betinho lembra ainda que teve dificuldade no começo, pois muita gente não fazia distinção entre o grafite e a pichação. Mesmo assim, ele conseguiu atingir seu objetivo. “Antes, eram apenas 16 muros, agora são 100 muros que vão mudar a cara da nossa cidade”, comemora.
A ideia inicial de Bentinho, contudo, terá uma dimensão maior, pois faz parte do Encontro Brasileiro de Grafiteiros que vem para mobilizar a sociedade em defesa da valorização da arte do grafite.
Morador teve iniciativa e começou a pedir autorização para grafitar os muros das casas
“Quero agradecer a todos que acreditaram no projeto que era um sonho e se tornou realidade. Agradeço, principalmente, ao deputado Geraldo Magela (PT-DF) que nos recebeu de portas abertas e influenciou esta conquista junto com o Satão, do DF Zulu Breakes, e ao Rivas, da Força Tarefa”, discursa.